NOSSA HISTÓRIA TEM QUE SER CONTADA

Contos

Por Luiz Antonio de Farias, capiá

De repente, o “dragão acordou”. Lá atrás Oscar Silva, um santanense radicado no sul do país, brindou seus conterrâneos com o livro ”FRUTA DE PALMA”, do qual tomei conhecimento quando dei meus primeiros passos pelo caminho da leitura, na biblioteca municipal, competentemente administrada pela bibliotecária Nilza Nepomuceno Marques, nos idos da década de 50.

O tempo passou então surgiram os escritores, Djalma de Melo Carvalho, Clerisvaldo Braga Chagas, os irmãos Professor Floro Araújo Melo e Major Darci Araújo Melo, Lúcia Nobre, Romildo Pacífico, para citar apenas estes que me vem à mente, correndo o risco de cometer a injustiça de esquecer alguém, pelo que aproveito o ensejo para apresentar minhas desculpas, junto àqueles que não me ocorreram no momento. Uma forma importante, que nossos autores sempre procuram enaltecer em seus contos, versa sobre figuras que, de uma forma ou de outra, fizeram parte da história de nosso torrão natal.

Com o advento do Portal Maltanet, uma feliz iniciativa do comunicador e jornalista José Malta Neto, surgiram novas promessas no campo da literatura formal, propiciando a edição dos livros “À SOMBRA DO UMBUZEIRO” e “À SOMBRA DA QUIXABEIRA”, com matérias desenvolvidas por uma plêiade de noviços literatos. Muitos integrantes dos dois trabalhos seguiram carreira solo, para a satisfação dos leitores, levando Santana do Ipanema a ser denominada, para orgulho de todos nós, “Terra de Escritores”. Temos convicção de que nova safra de escribas está “tomando corpo”, incentivada pela vontade de externar fatos do cotidiano, que povoam o imaginário de cada um deles.

Recentemente estive presente ao lançamento do terceiro livro do médico Dr. José Avelar Alécio, intitulado “SANTANA: VIVENDO E CONTANDO HISTÓRIAS”. Esta obra chegou no momento oportuno, coincidindo com o assunto objeto desta minha crônica, que vinha instigando “meus miolos” há um certo tempo. Para tornar seu trabalho mais valorizado, Avelar confiou o prefácio à competente educadora e escritora Lúcia Nobre que entre outras coisas ela afirmou que “Como a nossa história não é uma máquina de calcular, fazemos e vivemos nossa história. Desde os antepassados, construímos o que há de ser nosso viver.”

No livro, sob comento, o autor deixou florescer seu sentimento lúdico, contando fatos de sua infância na Rua da Poeira, seu amor pelo nosso, hoje maltratado, rio Ipanema, passando pelos programas de auditório, aos domingos, no Cine Alvorada, não esquecendo dos movimentos populares na luta pela energia elétrica e pelo abastecimento d´água de nossa cidade; das importantes lojas que movimentaram nosso comércio; dos cinemas Glória, Alvorada e Vanger; das festas populares, incluindo o pastoril de D. Jacira; dos sabores proporcionados pelo quebra queixo, morozilha, uiui, cavaco chinês e doces de coco vendidos de porta em porta; dos carnavais, abrilhantados pelas escolas de samba Unidos do Monumento e Juventude no Ritmo, pelos bailes do Tênis Clube Santanense e da Sede dos Artistas, além dos desfiles dos tradicionais blocos de rua.

Outro segmento que o autor aborda, com muita propriedade, preocupação e revolta é sobre a forma indigna de como é tratada a saúde de nosso município. Nada obstante a existência do Hospital Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo, dotado de condições razoáveis, o poder público não procura fazer sua obrigação constitucional, onde é dito que “a saúde é direito do cidadão e dever do estado”. Pelo fato de se tratar de saúde pública, tarefa que Avelar domina com conhecimento de causa, ele percebe tratar se de uma luta inglória, pela falta de comprometimento por parte das autoridades responsáveis absolutas pelas primordiais soluções.

Um importante reconhecimento que o autor empreendeu, sem sombra de dúvidas, foi a homenagem prestada às personalidades Adelson Isaac de Miranda, Alberto Nepomuceno Agra, Durvalina Cardoso Pontes, Flora Limeira, Helena Braga Chagas, Jacira Fonseca Farias, Maria José Nobre, Melânia Oliveira, Miguel Bulhões e Narair Janot Tenório, pessoas que, dentro de seus atributos, deram o melhor de si em prol do desenvolvimento de nossa terra.

Todos nós, envolvidos nessa sadia tarefa de “passar para o papel” nossos sentimentos, nossas emoções, nossas verdades, etc., temos a obrigação intransferível de repassar para as futuras gerações a história de nossa terra e de nossa gente tornando, dessa forma, mantidos vivos e sempre presentes os acontecimentos de nosso rincão, levando para nossos pósteros a reputação alcançada por nossa cidade como a mais desenvolvida do sertão alagoano, graças à proteção de nossa Excelsa Padroeira Senhora Santana.

Recife, janeiro/2018

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