QUANTO MAIS OCULTO, MAIS PÚBLICO

José Vaneir Soares Vieira

"Nada há encoberto que não venha a ser revelado e oculto que não venha a ser conhecido.” (Lucas 12.2)

Em nosso mundo globalizado e vigiado, é cada vez mais difícil esconder alguma coisa do grande público. A vida privada se tornou bastante pública. Temos vigilância no nosso trabalho, nas ruas, nas repartições públicas e privadas. Até em nossas casas chegamos a exercer vigilância por razões de segurança.

Temos hoje a polícia que preventivamente consegue evitar ou delongar certos crimes, pela simples vigilância. Ou porque não mencionar os espiões que se infiltram em outras nações para certos fins. Pessoas são filmadas cometendo os mais diversos crimes, sem que saibam. Satélites que filmam do espaço o que se passa aqui na terra.

Mas pensemos em nós e da nossa condição em relação a Deus. Uma pessoa culpada se trai e não consegue esconder os seus deslizes. O francês Edmond Locard, pai da moderna criminologia, lembra que “é impossível um homem agir, especialmente sob a tensão de uma ação criminosa, sem deixar traços de sua presença”.

Não há ninguém que consiga encobrir e esconder seus pecados e erros, sem que isso não venha ao conhecimento do cônjuge, da família, dos pais, do patrão, dos amigos, dos vizinhos, do público. É impossível sair limpo de certas situações e ainda assim esconder bem o mal feito.

Isso se deu com vários personagens na Bíblia e na História. Isso se dá com as pessoas todos os dias. Se dá com você. Será que você consegue cometer seus pecados e ainda assim manter segredo, sem que isso não venha ao conhecimento das pessoas? Você até pode manter essa coisa abafada e escondida das pessoas por um bom tempo, mas logo mais isso virá à tona escandalosamente, pois quanto mais oculto, mais público. Essa é a mensagem da Bíblia.

Jó disse que “Se eu pecar, tu me observas” (Jó 10.14). Paulo escreve dizendo que “Deus trará à plena luz as coisas ocultas das trevas” (1 Coríntios 4.5).

Aqueles que lêem a Bíblia sabem que o crime cometido pelos irmãos de José (vendendo este como escravo), o pecado de Acã ( que se apropriou de um coisa valiosa), e o adultério de Davi (com Bete-Seba), todos os três perpetrados no maior segredo e envolvendo apenas os culpados, vieram à tona em seus mínimos detalhes e em circunstâncias dramáticas. E quem trouxe tudo à luz do dia foi Aquele que dirige a História, o próprio Deus, pois Ele não passa a mão na cabeça de ninguém.

É a certeza de que a repercussão de um pecado, de um crime está na razão direta do esforço gasto em ocultá-lo, como dissera certa pessoa. Quanto mais oculto, mais público.

A certeza de que é impossível ocultar de Deus alguma coisa há de influir no comportamento humano. Felizes aqueles que já assimilaram esta verdade tão primária. Em virtude dela, ou o homem preferirá evitar o pecado ou, se pecar, não será estimulado a perder tempo na tentativa de tapear Deus nem desculpar-se indefinidamente. Ao contrário, ele será convidado a admitir rapidamente a sua culpa e a confessá-la com honestidade, para reiniciar ou recuperar sua paz interior.

Pense nisso!

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