GESTOR PÚBLICO E A QUALIDADE DE VIDA

Rogivaldo Chagas

O que podemos observar que o Estado não está dissociado da sociedade e, portanto, tem que estar sintonizado com as mudanças. Para que isso ocorra é preciso transformar a mentalidade daqueles que trabalham no aparelho de Estado. Não é possível pensar uma mudança de modelo de gestão sem mudar as idéias e os comportamentos das pessoas, do gestor em si. Com práticas centralizadoras, processos verticais e estruturas hierarquizadas de organização, com uma postura tecnocrática, isolada da realidade social, não são mais aceitáveis. É preciso mudar a mentalidade e a prática dos gestores públicos em todos os níveis, incluídos aí os políticos eleitos e/ou nomeados para o exercício de cargos executivos. Temos que forma uma opinião pública, onde o setor estatal está associado à ineficiência, ao privilégio, e seria o responsável pelas mazelas do próprio Estado. Sendo assim, uma reforma do Estado passa necessariamente por um novo modelo de gestão que seja capaz de implementar uma política de recursos humanos focada nos servidores (governantes). Estes devem ser tratados como agentes ativos da transformação, através da qualificação e da valorização do aparato administrativo.
O gestor público inovador tem que ser diferenciado dos gestores do passado e da iniciativa privada. O gestor tem que ser técnico e político, ou seja, um planejador que trabalha fora dos escritórios, sintonizado com o processo social. Ele tem que ser um difusor de estímulos favoráveis à democratização, à transparência governamental, à cidadania, à redefinição das relações entre governantes e governados, Estado e sociedade civil organizada. O novo papel do gestor público faz dele um profissional de articulação competente para negociar com interlocutores sociais dos mais diferentes tipos no processo de gestão das políticas públicas. Para isso é importante romper o hiato entre a técnica e a política, o técnico fornece sugestões, saídas parciais, encaminhamentos e sistematizações, integrando a técnica com as decisões democráticas. Os servidores públicos são gestores sociais que precisam se converter em líderes e tecnopolíticos capazes de pesquisar, negociar, planejar, executar e avaliar. Os gestores precisam se transformar em profissionais competentes para pensar a crise, os movimentos da economia, da cultura, da política, a dinâmica dos indivíduos, dos grupos e da comunidade. Não se trata mais de saber gerenciar ou administrar, mas sim de atuar como elemento ativo de governo.
O novo tipo de gestor público precisa de uma nova organização, mais ágil, bem informada, centrada nas pessoas e nos resultados. Não se pode pensar a reforma do Estado sem promover mudanças no seu formato organizacional, nas suas práticas e nas suas ações. Não se trata apenas de treinar o funcionário, mas sim promover uma ruptura radical na sua mentalidade e na sua postura. O gestor público deve ser capaz de dominar conhecimentos e habilidades que vão além dos modelos tradicionais. O paradigma gerencial tradicional centrado no desenho organizacional, nos organogramas, na divisão do trabalho, no planejamento normativo, e na estrutura, não é condizente com a realidade atual.

ROGIVALDO CHAGAS
Geógrafo e Pós-Graduando em Gestão Pública Municipal, atualmente ocupa o cargo de Diretor de Meio Ambiente em Santana do Ipanema.

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