Se algum instituto de pesquisa fizer uma abordagem sobre a população mundial, questionando se esta tem ou não fé, certamente um percentual bem reduzido dirá que não acredita em Deus. Acredite ou não em Deus, cada pessoa tem suas razões, seu ponto de vista.
Na parcela dos que afirmam crer em Deus, há os que se “apropriam” dele, os que o tem apenas subjetivamente, os que o vê como um “comerciante”, ou um “subalterno”... Há, porém aqueles que o tem como princípio, meio e fim; razão de seu existir, que está atento a intervir diante das carências humanas, sem tirar do homem sua capacidade de agir livremente.
1 – O homem que se “apropria” de Deus
“Apossar-se” de Deus é uma prática muito comum, principalmente por mentes fundamentalistas. Estas tratam a Deus como se este pudesse ser manipulado de acordo com a vontade humana. São pessoas radicais, criam frequentemente problemas com pessoas de outras religiões. Defendem seus pontos de vista de forma cega. Raramente são dadas ao diálogo. Para estes, o material supera, sufoca o espiritual. São irônicas; acreditam está com a verdade em todas as suas vertentes. Se questionadas tornam-se agressivas.
2 – O homem que acredita apenas subjetivamente em Deus
Esse tipo de homem mantém Deus apenas em seu intelecto. Em se tratando de religião é indiferente. Frequenta alguma igreja apenas em eventos específicos: batizados, casamentos, momentos festivos... Nestes momentos sua atenção está mais centrada no acontecimento em si, não na graça de Deus presente nele. Não quer compromisso com a fé. Em função dessa postura, terá uma grande dificuldade diante de um problema qualquer. Será capaz de cometer atos absurdos, atentando até contra a própria vida quando não “enxergar” mais possibilidades para a resolução de uma situação.
3 – O homem que vê Deus como um “comerciante”
Esse é bem semelhante ao que “tem Deus” apenas subjetivamente. Pode até ir a um templo com certa freqüência, mas não confia totalmente nele. Condiciona o poder divino a capacidade de “fazer comércio”. Vive de promessas, muitas vezes impagáveis, pois acha que quanto maior a promessa, mas possibilidade tem de receber a graça. Também, tende a culpar a Deus pelos males seus ou do mundo. É inseguro; facilmente critica os outros, inclusive o próprio Deus.
4 – O homem que vê a Deus, apenas como “subalterno”
Identifica-se um pouco com os anteriores, sendo que desenvolve em si uma “mania” de querer limitar a Deus, colocando este sobre seus próprios interesses. É comum ouvir da parte deste tipo de pessoa expressões “obrigando” Deus a fazer coisas más contra outra, acreditando que o mal proceda de Deus, quando se sabe que isso jamais irá acontecer. Acha que pode “aprisionar” a Deus, limitando seu espaço de atuação: “Deus está somente aqui!”, “ou ali”, ou em “tal lugar”. Humaniza exageradamente a divindade, como se esta tivesse seus sentimentos puramente humano. Se entrar em conflito com alguém, acredita que Deus também entrará. Na sua convivência com as outras pessoas age da mesma forma. Vive como se o mundo girasse somente em torno de si.
5 – O homem que tem Deus como princípio, meio e fim, razão do existir humano.
Aqui há certo respeito no trato para com Deus. Este é visto como a origem de tudo, o meio (aquele) pelo qual o homem tem sua razão de ser. A distinção entre o físico e o metafísico é mais clara. Percebe facilmente o que é de Deus e o que é do mundo. Acredita em Deus colocando toda sua confiança nele, mas acredita também em si mesmo. Sabe que se Deus lhe deu inteligência foi para que a utilizasse. Tem conhecimento de muitas de suas aptidões, e está sempre descobrindo outras novas. Quando pede algo a Deus, não fica parado esperando que este faça literalmente tudo. Sente sua presença, sua força, seu poder... Fortalecido sai de si mesmo, enfrenta desafios, busca e realiza o que pediu. Sempre agradece a Deus, não somente durante seus momentos de busca, mas também ao final de cada conquista. Mesmo quando o que se busca não foi conquistado, agradece também, pois certamente não era tão importante para ele.
É um homem prudente. Reconhece suas limitações, aceita-as, mas valoriza mais as suas qualidades. Procede, Igualmente, em relação aos outros.
Cada pessoa deve avaliar se sua fé está dentro dos parâmetros cristãos, ou não. Fé, pura e simples, todos têm; seja em Deus, seja no que for. Do ponto de vista cristão, a fé deve ser existencial: Fé + Ação (Tiago 14-26). O que São Paulo critica são as obras humanas quando valorizadas e consideradas merecedoras de salvação sem a fé em Cristo (Rm 3,20-31). A fé sem compromisso está desprovida de qualidade.
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