Há acontecimentos na vida que, pelas circunstâncias, merecem registro.
Manhã de sábado, 18 de junho de 2022. Acordei conforme planejado, exatamente às 5h. Estava programada uma viagem a cidade de Nossa Senhora da Glória/Sergipe, onde iria abençoar a Farmácia de Manipulação de umas amigas. Iria até Santana do Ipanema no carro que me foi emprestado por um amigo de Major Izidoro – o da Paróquia estava na oficina –; lá o deixaria na casa de minha mãe e faria o resto da viagem até a referida cidade no carro de um outro, sendo ele o motorista.
Antes mesmo de levantar, senti como se algo estivesse na iminência de acontecer, só não sabia o que era.
Levantei, fui até o banheiro, fiz minha higiene pessoal; na sequência troquei de roupa e eis que quando fui pegar o que estava nos bolsos da calça que tinha usado no dia anterior para colocar nos bolsos da calça que tinha acabado de vestir, dei por falta de algo imensamente significativo para mim: uma bursa minúscula de couro (pequena bolsa) que pertenceu a meu pai, confeccionada artesanalmente por ele mesmo, onde havia o que sobrou do terço que ele rezava diariamente e algumas medalhas de alumínio (Nossa Senhora das Dores, São Bento...); creio que tenha pertencido a mãe dele, minha avó, falecida em 1947, onze anos antes que eu nascesse.
Essa pequena bursa estava muito desgastada pelo tempo. Desde que meu pai faleceu (15/04/99), eu a carregava no bolso esquerdo de minha calça. Só tiro de um bolso para colocar no outro.
Ela simplesmente desapareceu, sumiu! Como, eu não sei. Tenho certeza de que ela estava no bolso da calça que iria colocar para lavar. Pensei: “ela desapareceu, mas ainda tenho algo que pertenceu ao meu pai e só sairá de perto de mim quando eu morrer: a aliança que foi dele e que a uso no meu dedo anular esquerdo.”
A sensação de insegurança continuou. Peguei a túnica, estola, livro de bênçãos, aspersório, coloquei em uma bolsa, entrei no carro e segui viagem.
Enquanto dirigia, resolvi rezar o santo Terço. Algo silencioso e incômodo dentro de mim, me instigava a não o rezar. Disse para mim mesmo. Não adianta “vocês” tentarem me impedir, vou rezar e pronto!
Comecei a rezar o terço e algo me atrapalhou até eu terminar. Acho que em vez de cinco mistérios, rezei seis, pois me embaracei em vários momentos – tenho o costume de rezar contando nos dedos. Terminada a oração, me acalmei mais.
Cheguei à Santana exatamente cinco minutos atrasado do previsto. Meu amigo já estava me esperando no local determinado. Deixei o carro à frente da casa de minha mãe e seguimos viagem no carro dele.
Tanto na ida, quanto na volta tudo deu certo. A viagem foi ótima, sem incidentes, embora permanecesse ainda levemente instável interiormente.
Quando chegamos dessa viagem, já à frente casa de minha mãe, já era quase 17h. Esperei para jantar por lá mesmo. Era mais ou mens 18h30 quando peguei o carro que me foi emprestado pelo meu amigo de Major Izidoro, fui à residência de um de meus filhos do coração, Luiz Neto, permaneci por lá até 19h40 e, na sequência, iniciei meu retorno à minha paróquia.
Já dirigindo, antes mesmo de sair de Santana, resolvi rezar, novamente, o santo Terço. Lembrei-me, outra vez da bursa que pertenceu ao meu pai e que havia sumido. Da mesma forma que de manhã, algo me instigava a não rezar – não seria melhor ligar o som do carro, ouvir música e divagar? –, a tentação foi grande, mas disse novamente em voz alta: “não adianta me tentar, por desaforo, vou rezar e pronto!” E iniciei a reza do Terço. Dessa vez rezei tranquilo, sem me atrapalhar em nada e, com mais firmeza ainda do que de manhã.
Apesar dessa firmeza que estava agora, algo ainda me incomodava.
Eis que depois que passei por Dois Riachos – já tinha acabado de rezar – enquanto devia estar numa velocidade de mais ou menos 100Km/h, mesmo de olho na pista por causa de partes escuras em alguns pontos em função das chuvas recentes, procurando ter cuidado para não deixar as rodas cair em algum buraco para não cepá-las, saem da escuridão da noite, do lado direito, vários cachorros, creio que atrás de alguma cadela. Não tive como desviar, pois se assim o fizesse, correria o risco de um acidente grave. Passei por cima de um deles. Isso danificou a parte central do para-choque.
Transtornado por ter atropelado o cachorro, danificado o para-choque do carro, tomado um tremendo susto... continuei viagem. Agora, ainda com mais cuidado.
Já próximo de Major Izidoro, no trecho do Assentamento Santo Antônio, estava entre 80-100Km/h, um cavalo cruza a pista de vez.
Agora o susto foi dobrado. Tive que pensar rápido para não morrer.
Manobrei o automóvel de um lado para o outro tentando evitar bater frontalmente, pois poderia ser fatal. Já na iminência de atropelar o cavalo, consegui jogar a quina do lado direito – passageiro – no cavalo. Não teve outro jeito. Bati nele, pela providência divina, somente em sua traseira! Após a batida ele, o cavalo, deslizou pelo lado do carro e tocou o retrovisor direito, fazendo com que o espelho se desprendesse e se perdesse na escuridão da noite... Em consequência o para-choque foi totalmente danificado.
Se atropelar um cachorro não é tão comum, atropelar um cavalo, menos ainda; atropelar os dois na mesma noite, mesma estrada, mesmo trajeto, mesmo em pontos distintos é até meio sem lógica, mas aconteceu! O que importa é que graças a Deus eu não tive nada, a não ser o susto dos dois atropelamentos. Minha pressão alterou, mas, já em casa, consegui controlá-la novamente com minha medicação para hipertensão!
Como não afetou o motor, consegui levar o automóvel até a casa paroquial. Chegando, liguei para meu amigo, comunicando o ocorrido. Ele perguntou se estava tudo bem comigo, inclusive oferecendo atendimento médico, demonstrando seu zelo pela minha pessoa e minha saúde. Fotografei as partes afetadas do veículo, expondo os danos, e enviei a ele para que o seguro fosse acionado.
Depois que tudo passou, aquela sensação de insegurança simplesmente sumiu! Afinal, temos que estar constantemente preparados para todos os tipos de acontecimentos. Importa pensar positivo, sempre!
Mas continua o mistério do sumiço da bursa que foi de meu pai. Onde ela está?
Enigmas da vida!!!
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