Ensaio XVI - Paris - Parte 2
Dez dias em Paris, a serviço do lazer, sem preocupação nenhuma, nem mesmo com as despesas de hotel! Não há stress que resista. Foi assim a minha última estada em Paris. Andar de bicicleta ao redor da torre Eifel e do Arco do Triunfo, trafegar pela Champs Elisé como se estivesse na avenida Arsênio Moreira em Santana do Ipanema e cavalgar em jumento no Parc du Champs de Mars - Campo de Marte para nós tropicanos, o mesmo que serviu de palco para Santos Dumont alçar os seus primeiros vôos com o 14 Bis, o Demoiselle e outros aparelhos mais pesados que o ar, exibindo-os ao mundo tendo como pano de fundo sua majestade La Tour Eifel e sob os olhares curiosos e de aplausos da burguesia francesa, isso, nos primórdios do século XX.
Paris é uma daquelas cidades que parecem prontas, sem mais nada para fazer, uma cidade para se curtir cada rua, cada praça, cada edifício, como se fossem todos eles, partes de um imenso museu. Museu no seu sentido mais amplo e dinâmico, que apesar de cada parque, cada rua ou cada edifício postado no seu lugar apropriado, está sempre se renovando. Optei portanto em explorar a velha Paris, andar pelas suas ruas, apreciar os parques, visitar museus e contemplar os seus edifícios, coisas que não fazemos no Brasil, talvez porque não tenhamos dado conta que também temos cidades e recantos maravilhosos e muitos até bem curiosos e interessantes. Perambulando pelas margens do rio Sena lembrei-me do “QUEM ME QUER” – orla do Capibaribe na capital pernambucana, onde se costumava, na época de estudante, paquerar as garotas que entravam e saiam do cine São Luiz, nas tardes domingueiras.
As margens do rio Sena, são pontuadas de barracas de alfarrábios e comércio de artesanato, de antiguidades e de obras de artes plásticas, a escolher até pela nacionalidade. É um fantástico estágio de cultura universal, tudo às vistas dos turistas que curtem os “bateau mouche” no Sena, navegando em águas límpidas, em nada lembrando os nossos rios. Mas, Paris é também um a cidade moderna e nos surpreende com o seu centro financeiro de La Défense, o qual avistamos da Torre Eifel ou do Arco do Triunfo. Lá também encontra-se o majestoso arco de La Défense, construído em homenagem à vitória dos aliados na II Guerra Mundial. Coincidiu a minha estada em Paris com as festividades do 14 de julho, dia nacional da França, em que se comemora a queda da Bastilha ocorrida em 1789. Cada ano o Governo Francês homenageia representantes de países estrangeiros. Em 2010 foram as representações africanas. Apesar das fortes chuvas caídas sobre Paris na hora do desfile militar, as festividades prosseguiram sob os olhos atentos de milhares de franceses e turistas estrangeiros, inclusive nós das terras dos Tupinambás e dos Caetés. À noite, fomos à Torre Eifel assistir a um maravilhoso espetáculo pirotécnico, só comparado ao da inauguração de Brasília em 21 de abril de 1960 (um pouco de bairrismo não faz mal a ninguém...). No dia seguinte, ainda ressacado, pois os festejos passaram da meia noite anterior, na qual, madrugada a dentro enfrentamos horas na fila do metrô para voltar pra casa, resolvemos girar sem compromisso pelo comércio da Île-de-France, observando as vitrines em liquidação de verão, fazendo escalas nos cafés, proseando com turistas e intelectuais em vagabundagem mental, conhecendo melhor os costumes franceses. Assim aproveitei os últimos dias de férias em Paris.
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