SONHOU, APOSTOU... GANHOU NO BICHO!

Fábio Campos

Uma fortuna, conquistada a curto prazo, sem muito esforço, e sem precisar ficar em débito com a justiça, é sonho de consumo da maioria de nós brasileiros. Somos um povo que acreditamos na sorte. E que ela, só ela, poderia nos proporcionar esse tipo de guinada na vida. Uma arrancada que jamais conseguiríamos, levando uma vida pautada, num cotidiano da maioria de nós: de assalariados. A história de que “de grão em grão, a galinha enche o papo” só faz sucesso no galinheiro, e olhe lá!

As empresas prestadoras de serviços ou produtos, sintonizada com essa mania de brasileiro, não perdem a oportunidade de atrelar aos seus negócios um sorteio entre os seus clientes.Por isso, é que vivemos dando chances a nossa sorte. Tem pessoas neuróticas com relação a isso, os chamados jogadores compulsivos, que não perdem, desde rifa de quermesse, passando a rinha de galo a máquinas caça-níqueis, e todo tipo de loterias e jogos de azar.

Hoje o que mais vemos, nas instituições financeiras, nos pegues-pagues, concessionárias, até Plano funerário investe na sorte dos seus clientes : “Faça um plano coma gente e concorra ao sorteio de um lote no cemitério! Ganhe um 3X2 com sete palmos de fundura! Alamedas arborizadas, com vista pra capela!” O BBB global não deixa de ser, um golpe de sorte, é jogo!

Novidade nenhuma em tudo o que dissemos até agora. Que o diga o Barão João Batista Viana Drummond, o inventor do jogo do bicho. Criado em 1892, a bolsa de aposta foi a forma que o barão, proprietário do Jardim Zoológico do Rio de Janeiro, encontrou pra sair da crise. Decidiu estipular um prêmio em dinheiro, e sortear uma placa a cada dia. Em cada placa figurava um dos 25 animais de seu empreendimento. Foi tão grande o sucesso que se espalhou mundo afora, e existe até hoje.

A empregada doméstica, ou melhor, a ex-empregada doméstica, do nosso amigo professor Marcelo Fausto, pediu demissão depois de ter ganhado certa quantia em dinheiro, no jogo do bicho. Nosso amigo ficou curioso e não perdeu a oportunidade:

-Como foi?

-Eu sonhei três dias com pão! Daí joguei no trigue!

-Você quer dizer no tigre! E o que é que pão tem a ver com tigre?

-Ô Seu Marcelo e pão né feito de farinha de trigue?!


Fabio Campos 25/03/2011 É Professor em S. do Ipanema – AL.


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