POR QUE VOCÊ É CANDIDATO?

Fábio Campos

Está comprovado, nunca na história das eleições municipais, neste país, houve tantos candidatos, em proporção ao número de eleitores. Daí a pergunta-título: Por que tanta gente, nestas eleições, é postulante a um cargo eletivo? Por que tantos resolvem colocar seus nomes, ao crivo da opinião pública?

Debrucemos nossa vã filosofia sobre tema tão atual, tão em voga no momento. Um aspecto deve ser levado em consideração, o aumento natural da população, isso é fato. Outros aspectos relevantes, remete-nos ao “mitiê” que envolve o cargo cobiçado. A logística da função almejada. Não nos ocuparemos em discorrer aqui, as atribuições de um vereador ou prefeito - Os de cá executam, os de lá aprovam e fiscalizam - isso todos já sabem. Queremos esticar o questionamento, para tentar decifrar o que se passa na cabeça de quem é candidato. Afinal a classe política anda tão desgastada nesse país.

As estatística apontam números alarmantes para a rejeição popular a classe poítica. No entanto também os números comprovam o crescente interesse dos que ambicionam entrar pra lista dos execráveis dirigentes públicos. Minha mãe tem um dito popular pra classificar tal interesse: “-Quem tacha quer comprar!” Seria possível traçar um perfil, social, dos candidatos. A que classe a maioria pertence? Que opinião tem sobre política?

No tempo da minha infância e juventude (anos sessenta/setenta) o cargo mais almejado por um jovem de classe média/baixa desempregado, que fosse apenas estudante, era chegar ao funcionalismo público, via concurso público. Era sonho, acalentado até mesmo por nossos pais, que ao se formar, ou antes disso, estivéssemos funcionário do Banco do Brasil; Caixa Econômica Federal, Ceal, Casal, Correios, etc. Uma década depois esse quadro continuava praticamente inalterado. A palavra nepotismo não existia no dicionário dos governantes do tempo da ditadura e continuou nos sucessores. Nomeações de parentes e aderentes tinham apelidos bem apropriados: “apadrinhamento”, “pistolão”, “costa-quente”,etc.

Afinal o que há de tão atraente no cargo de vereador/prefeito para que tantos os almejem? Podemos fazer algumas ponderações que nos dê alguma pista:

Supostas Vantagens:
1-Ao registrar sua candidatura o funcionário púbico, deverá afastar-se das suas funções pelo menos três meses antes do pleito eleitoral;
2-Ser prefeito ou vereador não tem a obrigatoriedade do cumprimento do ponto no trabalho;
3-O candidato tem a oportunidade de medir sua popularidade em meio à sociedade que vive e de seus familiares;
4-Dá uma sacudida no marasmo, e uma massageada no ego: Agenda cheia de compromissos, visitas de campanha, vê-se no horário eleitoral, nos botons, santinhos, e gingles, ouvir seu nome cantado em verso e prosa, seu rosto sorrindo, pregado nos postes, seu nome nas paredes, adesivado nos carros.

Desvantagens:
1-Ver sua casa, seu reduto, seu refúgio sagrado, virar prédio púbico;
2-Vê sua vida privada, literalmente descer pela privada, tornar-se pública (nada, será mais exclusivamente seu. Tudo que antes era seu - eu disse tudo! – torna-se de todos);
3-Ter telefones (supostamente) grampeados;
4-Sofrer uma devassa no seu passado, presente e futuro. Sua vida será um livro aberto...folheado, rasgado, riscado,etc.

Meu pai quando sabia que um homem de idoneidade moral entrava pra política dizia: “- Então fulano! E a vergonha já guardou numa gaveta?”


Fabio Campos 23.07.12 Em breve no blog fabisoarescampos.com Conto inédito: PROCISSÃO DE SENHORA SANT’ANA

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