OS SONHOS DE DONA MARIA OLÁVIA

Fábio Campos

Dona Maria Olávia, saudosa esposa de Seu Abílio Chagas. Estes eram os pais de Jane Chagas, a quem amigos e parentes consternados, se solidarizaram em seu sepultamento nesta tarde chuvosa de maio.

Quitutes e doces bem feitos, na época da minha infância e nas dos meninos do Monumento, nasciam de três pares de mãos maravilhosas: Dona Nanete Oliveira, mãe do ex-vereador Adenilson Oliveira; Dona Nazilha, mãe do muralista João Neto de Seu Leô, e das mãos dela, Dona Maria Olávia. As duas primeiras, foram merendeiras no Grupo Escolar Padre Francisco Correia, na cantina da escola é que expunham à venda seus pitéus. Dona Olávia comercializava os seus, em sua própria casa, o que comprovava ainda mais a qualidade esmerada de tais manjares.

O sonho, era um deles. No cotidiano vamos encontrar essa palavra a significar corriqueiramente, visões fantasiosas produzidas durante o sono. Aos que nos referimos pertencer a Dona Olávia, supera em muito este daí, pois eram sonhos “reais”! Um petisco delicioso, feito a base de farinha de trigo, leite e ovos. Mas nem só de sonho viviam os moleques do Monumento e Dona Olávia, mas também de: Sequilhos, broas, pastéis, bolo de trigo, milho, macaxeira e massa puba! Pés-de-moleque, paçocas, nêgos-bom! Tinha uns pirulitos em forma de perus, cajus e chupetas. Os meninos degustavam por partes, bem devagar, de preferência na frente de outro que não tivesse comendo, só pra fazer inveja!
Creio que ela tenha sido, uma das pioneiras na produção do popularíssimo Flau. Em outras regiões chamado também de, Sacolé, Du-du, Peito de Véia, etc.

Foram tantas as vezes que fui a casa de Dona Olávia, à avenida Nossa Senhora de Fátima, próximo ao oitão da Cooperativa Carsil. Da porta mesmo a gente perguntava aos gritos:

-Dona Olávia tem sonho?

Ela surgia lá na cozinha, sorridente. Com muita calma, caminhando devagar, vinha atender abrindo a porta pro freguês.

-Tem menino...

-São novos?

-Novinho,novinho...Ainda estão quente!

-Eu quero!

-Mas cuidado viu?! Se comer muito, de noite, cai da cama!

E tornava a sorrir.



Fabio Campos 10/05/2011 É Professor em S. do Ipanema – AL.

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