MAIS JOÃO, DE CANTOR A PASSARINHO, A UMA BARRAGEM.

Fábio Campos

Depois da última crônica minha publicada, e isso eu até já previa. Lembrei-me de outras personalidades com o nome de João, que de uma forma ou de outra, passaram em algum momento em minha vida. João da professora Helena Braga, onde andará? Também o saudoso João José, que jogava no Ipiranga. O juiz de direito, professor e diretor do Ginásio Santana dr. João Yoyô Filho. João “Macaco”, primo de João de Deus, filho de dona Glorinha Carvalho, nossa vizinha da Praça do Monumento. Seu João da Toca, vindo de Jacaré dos Homens que tentou mudar o nome da Toca do Pato pra Toca do Jacaré, mas não funcionou. Seu João Tertuliano de Aquino da casa de peças automotivas, do episódio em que passei por mendigo [já contei aqui]. Seu João da usina de algodão do bairro Camoxinga, na entrada da Rua Delmiro Gouveia aqui em Santana.

Interessante é que, dada à popularidade do nome acaba se fazendo necessário associar o primeiro nome de qualquer João, a uma referência que o personalize, que o identifique dos demais. Senão acaba ele se perdendo na multidão de homônimos.

Um fato curioso da minha infância com relação a esse nome. O saudoso professor Alberto Agra, proprietário da farmácia Vera Cruz, era compadre dos meus pais, padrinho do escritor Fernando Soares Campos, meu irmão. Colocou o nome de João em um dos seus filhos. E só me chamava de João! Quisera eu, ter tido a felicidade de ser batizado com o nome do meu pai. E aí, discriminação não teria nenhuma. Como a sofrida por João Batista, por não haver ninguém na família com esse nome foi recriminado pelos parentes: “Ele se chamará João. Evangelho de São Lucas 1:60”.

A literatura infantil está cheia deles: João Grilo, João e o Pé de Feijão, João e Maria. Também a literatura Nacional contemporânea, nosso contista maior, escritor Breno Accioly [1921-1966], tem com esse nome uma das suas maiores obras: “JOÃO URSO, Rio de Janeiro: Edições EPASA, 1944, Prêmio Coelho Neto, prêmio Afonso Arinos e Prêmio Graça Aranha, com prefácio de José Lins do Rêgo.” Fonte: historiadealagoas.com.br”

“JOÃO VALENTÃO É brigão/ Pra dar bofetão/ Não presta atenção e nem pensa na vida/ A todos João intimida/ Faz coisas que até Deus duvida/ Mas tem seus momento na vida...” É uma das obras-primas de [Dorival] Caymmi. Fez grande sucesso no ano de lançamento, 1953, sendo uma das mais tocadas nas rádios. A canção foi inspirada no pescador baiano “Carapeba”, que o compositor conhecia. Ele tinha corpo atlético, era bom de briga e contador de histórias. Por isso Caymmi demonstra na música, essa dupla faceta na personalidade do protagonista. A melodia tem duas partes, a primeira é agitada pra mostrar o lado briguento de João. Já a segunda parte é suave e harmônica, demonstrando os momentos de paz do valentão. Contam que a música demorou 9 anos pra ficar pronta. E que Caymmi só se deu por satisfeito quando chegou aos versos: “E assim adormece esse homem que nunca precisa dormir pra sonhar, porque não há sonho mais lindo do que sua terra não há. Fonte: cantodampb.com”

GARRINCHA E OS “JOÕES” No meio esportivo, ainda na década de 50, surgiu a história que o jogador Garrincha [consagrou-se pelo clube carioca Botafogo Futebol e Regatas] chamava seus adversários, especialmente aos que driblava de “Joões”. “Isso foi uma invenção do (jornalista) Sandro Moreyra que era nosso amigo, e amigo do Garrincha também. O Sandro queria mostra que o Garrincha não estava preocupado com o marcador. Mas isso acabou trazendo muitos problemas para o Garrincha. O adversário lia no jornal o termo “João” e entrava em campo querendo mata-lo, para provar que não era nenhum “João”. Eu perguntei para vários companheiros do Garrincha no Botafogo, e em outros clubes. Ninguém nunca ouviu o Garrincha chamar um adversário de “João”. By escritor Ruy Castro, autor do Livro “Estrela Solitária” em entrevista concedida. Fonte: esportv.com”

JOÃO GOMES “João Fernando Gomes Valério, ou apenas “João Gomes”, tornou-se um dos cantores favoritos do Brasil, e há pouco tempo, o garoto de apenas 19 anos, natural de Serrita, Município do sertão pernambucano, cantava no coral da igreja. Como cantor tem como referência grandes vozes da música brasileira como Cartola e Belchior. Fonte: palcomp3.com.br”

Acredite se quiser! Tem muita gente nova, entre meus alunos, por exemplo, achando que a barragem do “João Gomes”, construída na atual administração da prefeita Cristiane Bulhões, aqui em Santana do Ipanema, teria sido assim denominada em alusão a esse cantor pernambucano! Curiosidade aguçada, quis eu saber a que personalidade é realmente atribuída o nome do riacho, da barragem, e claro acabou também dando nome a ponte sobre a rodovia AL-101 entre Santana e Olho D’Água das Flores. De acordo com meu amigo, escritor, pesquisador autodidata, historiador Clerisvaldo B Chagas [ele já citou isso em uma crônica sua] o nome João Gomes seria nome popular de uma planta [nome científico: Talinum paniculatum] com diversas propriedades medicinais. Está esclarecido.

JOÃO DE BARRO [nome científico: Furnarius rufus] é nome de pássaro, uma ave canora, assim denominada porque constroem sua morada utilizando justamente argila, tirada dos barreiros do nosso sertão.

PIADAS [VELHAS E SEM GRAÇA] ENVOLVENDO NOMES PRÓPRIOS
ZÉ LEZIN
-Vou botar o nome do meu filho de É Feijão!
-Oxente! Tá louco!
-E não tem É Milho?

Meu filho vai se chamar Arquibancada do Palmeiras!
-Tá Maluco!
-Ôxe! E não tem, Geral do Santos?

OS TRAPALHÕES
Dizia Didi que seu nome completo era: Didi Mocó Navalgina Mufumo. Mufumo do meu pai, Navalgina de minha mãe!

SAUDOSO CORONÉ LUDUGERO NUM DISCO DA DÉCADA DE 70
-Filomena, nosso filho vai se chamar: João Tronqulino Coronha!
-Oxente! “Coroné” mas esse nome é muito feio!
-Pior é o nome do dono do cartório Atropi! Tá lá na placa: TABÉ LIÃO!

FABIO CAMPOS, 07 de Julho de 2022.

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