Chegou-nos às mãos através de Malta Neto, que o teve emprestado do professor Marcelo Fausto, um exemplar do livro “Curral da Morte”, de autoria do jornalista e cineasta alagoano Jorge Oliveira, publicado em 2010 pela editora Record, tem comentário na orelha da capa de Domingos Meirelles, e apresentação do professor Douglas Apratto. O livro segundo o próprio autor é:
“...uma história fascinante de poder, dinheiro, política e, sobretudo, de intriga, muita intrigas. Personagens como Carlos Larceda, Arnon de Mello, Tenório Cavalcanti, Juracy Magalhães, Silvestre Péricles de Góes Monteiro, Muniz Falcão, Teotônio Vilela, marechal Teixeira Lott, Juscelino Kubistschek e outros desfilam nestas páginas, em um emaranhado de episódios e complôs que terminaram no primeiro impeachment de um governador no Brasil, o de Muniz Falcão em Alagoas,...”
Extrairemos dele, naturalmente os raros episódios pitorescos e tentaremos na medida do possível transformar em crônica. Transcrevemos na íntegra um desses trechos, contido às páginas 49, 50 do livro.
“A inimizade entre Arnon de Mello e Silvestre Péricles de Góes Monteiro, ambos ex-governadores de Alagoas, teria um desfecho trágico em 4 de dezembro de 1963, quando Arnon sacou o revólver para matar Péricles dentro do plenário do Senado. Errou o alvo e acertou no peito o senador José Kairala, suplente acreano que convidara a família para vê-lo despedir-se da Casa no último dia do mandato.
Silvestre Péricles, da lendária família dos Góes Monteiro, era um homem amargo, ranzinza, rabugento, de uma sinceridade cortante. Nasceu em São Luiz do Quitunde, cidade de terras férteis para a produção de cana-de-açúcar, na parte norte do estado. Nutria ódio mortal por Arnon de Mello, a quem entregou o governo de Alagoas em 1951. Antes de deixar o palácio, onde chegou em 1947, Péricles, além de não passar o cargo, recepcionou seu adversário de um modo nada convencional. Encheu de merda algumas meias e, à noite, sozinho, de pijama, transtornado e enfurecido com a vitória do adversário, cagou as paredes do palácio, rodando em parafuso as meias, salpicando as dependências do casarão centenário, mas concentrando a sujeira na sala que seria ocupada por seu sucessor – a de despacho. Com o pijama de listra amarronzado pelas fezes, Silvestre recolheu-se aos seus aposentos e enroscou-se nos lençóis de seda, onde adormeceu todo lambuzado. ”
Fabio Campos 15 de Agosto de 2011 Extraída do Livro “Curral da Morte” do Jornalista e cineasta Jorge Oliveira, Editora Record – 2010.
No fabiosoarescampos.blogspot.com Breve Conto inédito PADRE FRANCISCO CORREIA
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