MÉDICO, ACADÊMICO, CORDELISTA

Djalma Carvalho

Vez por outra, recebo boletins, publicações e livros que me têm sido enviados, gentilmente, por Dr. Judá Fernandes, atencioso amigo e viçosense de nascimento que escolheu Arapiraca para, ali, exercer sua vitoriosa profissão de médico. E lá se vão mais de 50 anos de graduado e de ações por ele voltadas, notadamente, para as áreas social, religiosa e cultural dessa progressista terra do agreste alagoano.
Conheci-o no início da década de 1970, por aí, quando ele exercia destacada liderança como membro ativo do então florescente clube de Lions de Arapiraca. Como patronos, ele e a dileta esposa Almira participaram de uma daquelas charmosas e memoráveis festas de debutantes que, anualmente, o similar clube de serviço de Santana do Ipanema promovia na cidade.
Reencontramo-nos, tempos depois, na Academia Maceioense de Letras, a oferecer-me livros de sua autoria, a exemplo de A Xícara do Padre e Um Genuíno Tangerino (crônicas), Um Provinciano na Academia (discursos), e outros mais. Enveredando pela literatura de cordel, recentemente publicou o livro O Cordel do Setentão.
Dele recebo, agora, mais uma gentileza: o Informativo Acala, ano XI, nº 11, de junho de 2012, edição comemorativa do 25º aniversário de fundação da Academia Arapiraquense de Letras e Artes – Acala, de cujo sodalício é vice-presidente e sócio efetivo. No Informativo, vejo boa qualidade literária dos escritos assinados pelos imortais acadêmicos de Arapiraca. O novo cordelista Judá Fernandes, por exemplo, assim se referiu ao auspicioso evento: “É o Jubileu de Prata/ da querida Academia/ que faz um quarto de século/ vendo as Letras todo dia.” Antônio Machado, ilustre escritor olho-d’aguense, não deixou por menos ao homenagear sua academia com artigo que assim se inicia: “A história é como saudade, liga o passado ao presente, e tem seus alicerces plantados nas muralhas do tempo.”
A Academia Francesa de Letras, fundada em 1635 por Richelieu, o poderoso ministro de Luís XIII, serviu de modelo para a Academia Brasileira de Letras, e daí, certamente nelas inspiradas, foram sendo criadas outras academias pelo Brasil afora. Reunindo intelectuais de todas as vertentes do pensamente e do saber, cada casa de letras fundada deve constituir-se em patrimônio cultural de sua cidade. Assim ocorreu com Arapiraca e assim ocorrerá com Santana do Ipanema, terra de muitos escritores, onde acaba de ser fundada a Academia Santanense de letras, Ciências e Artes. Que não se busque nelas, em meio a vaidades pessoais, “a doce fantasia da imortalidade”, como bem o disse, em artigo publicado, Dr. Ib Gatto Falcão.
Concursos literários para despertar talentos, oficinas, incentivo à produção de livros, debates sobre assuntos relativos ao idioma pátrio, etc., serão temas contemplados, necessariamente, como atividades permanentes da vida acadêmica.
Assim caminhando essas entidades em Alagoas, logo, logo se tratará de uma federação, que poderá ser criada e que lhes possa oferecer suporte de toda ordem, apoiando-as, defendendo-as e promovendo objetivos comuns.
Imagino, afinal, o custo e o trabalho do porte e qualidade de cada edição do Informativo da Academia Arapiraquense de Letras, a exemplo do que tenho em mão, razão por que cumprimento e parabenizo seus editores pela arrojada e feliz iniciativa.

Maceió, julho de 2012.

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