Tornou-se fácil e gratificante encontrar-me, de uns anos para cá, com amigos alagoanos na festa de Ano-Novo nas dependências do Mar Hotel do Recife. Todos eles, em clima de confraternização, estão ali para participar do baile e ceia do Réveillon, evento que o tradicional hotel pernambucano promove anualmente.
A predominante cor branca ressalta o especial toque de elegância de hóspedes e convidados, participantes da festa da virada de ano. Durante o evento o hotel disponibiliza ceia de variadas iguarias e bebidas de boa qualidade, a título de tudo incluso.
À meia-noite, o espetáculo da queima de fogos ilumina os céus recifenses, enquanto o costumeiro brinde com taças de espumantes completa a profusão de calorosos abraços dos alegres convivas. O embalo ao som da orquestra começa às 22 horas e vai até a segunda hora da madrugada do primeiro dia do novo ano.
Pela nossa tradição religiosa, a cor branca está associada à paz, à pureza, à calma, à esperança e à renovação de energias positivas. No Candomblé, por seu turno, o branco representa a purificação espiritual. O sincretismo religioso levou o branco às praias, com flores e oferendas à Iemanjá. No Brasil, o branco, de origem africana, tornou-se uso no Ano-Novo a partir de 1970, à vista dessas manifestações culturais e formas diversas de culto religioso.
O termo Réveillon, derivado do verbo acordar em francês, significa festa com baile e ceia na véspera do Ano-Novo. Na França, segundo historiadores, o Réveillon representava festa da nobreza.
No calendário gregoriano, adotado pelo papa Gregório XIII em 1582, em substituição ao calendário juliano, o primeiro dia do ano passou, então, a ser 1º de janeiro. Outros povos com seus calendários próprios, ainda hoje comemoram a festa do Ano-Novo em datas diversas, diferentes.
Vale lembrar, curiosamente, que Gregório XIII, papa de 1572 a 1585, fixou a data da festa de Santa Ana, padroeira de Santana do Ipanema, em 26 de julho.
Em 1975 passei a residir em Maceió, deixando o chão natal com muita saudade. Em 31 de dezembro desse mesmo ano, já na capital alagoana, restou-me, simplesmente, dirigir-me à orla marítima para ver a decoração festiva dali e assistir ao espocar de fogos à beira-mar.
Mas, no ano seguinte, para matar saudades e abraçar velhos amigos, à noite dirigi-me ao iluminado centro histórico de Santana do Ipanema, em meio a barracas de toda espécie e à parafernália dos brinquedos do parque de diversão. Enfrentando o ruge-ruge de gente que ia e que vinha, cheguei, finalmente, à calçada da igreja matriz. Minha ansiedade era a de chegar a esse local para assistir ao espetáculo dos fogos da meia-noite, ao lado de familiares e conterrâneos. Assim ocorreu como desejava.
Usando roupa branca, fui interceptado, nesse trabalhoso trajeto, por um desconhecido, que me perguntou: “O senhor é médico?”
Restou-me, afinal, a resposta: “Não, amigo. Nem pai de santo.”
Maceió, janeiro de 2019.
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