Não deixo de manifestar minha admiração a esse dedicado vendedor que leva aos leitores o silencioso amigo chamado livro. Com simpatia e justiça, esse importante profissional deve ser lembrado no dia 14 de março de cada ano, data comemorativa do Dia do Vendedor de Livros.
Não sei o nome do órgão ou entidade pública que instituiu, em boa hora, O Dia do Vendedor de Livros. Possivelmente, a ideia deve ter surgido logo após o decreto governamental comemorativo do Dia do Livro e do Dia do Bibliotecário.
Não só os cães farejam. Os humanos também farejam, não sendo cães. Procurar, descobrir, adivinhar, achar, eis alguns significados de farejar. Nos shoppings, por exemplo, “farejo” à procura de uma livraria, dela geralmente saindo sobraçando um novo livro. O cronista, o escritor e o intelectual estão sempre à procura de livro, aqui e acolá.
O livro é um difusor de conhecimento, de ideias, de saber, de cultura, de erudição, informando e transformando as pessoas, consagrados valores semeados pelo vendedor de livros, dentro e fora das livrarias. Segundo o editor Martin Claret: “O livro é uma das mais revolucionárias invenções humanas.”
Dizem os historiadores que os chineses foram pioneiros na arte de imprimir livros. O livro mais antigo teria sido impresso na China em 868. Coube ao alemão Gutemberg, em 1438, aperfeiçoar essa arte. A Bíblia de Gutemberg teria sido impressa entre 1451 e 1456.
Feiras de livros, com preços populares, módicos, estão sendo atualmente instaladas, com livre acesso, em largos espaços nas esplanadas dos shoppings centers pelo Brasil afora. Ótima oportunidade para quem deseja adquirir livros de escritores nacionais e estrangeiros, também inúmeros de literatura infantil.
Nessas condições, acabo de adquirir e ler o livro Contos Plausíveis (Editora Record, Rio de Janeiro, 5ª edição, 2002), de autoria de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), genial poeta, contista e cronista, mineiro de Itabira. Dele anotei duas frases. A primeira, sobre contos: “Os contos devem ser contados, e não entendidos; exatamente como a vida.” A segunda, sobre memórias: “Se eu deixar para escrever minhas memórias quando tiver 70 anos, vou esquecer muita coisa e mentir demais.”
No livro denominado Cidade, de Sidney Wanderley, poeta, escritor e cronista, viçosense apaixonado por sua cidade natal, declara ele: “Devo o amor desmedido aos livros a Manoel Acioli, proprietário da Livraria Acioli, encravada no centro da Praça Apolinário Rebelo”, em Viçosa das Alagoas.
De minha parte, também interiorano, devo meu gosto por leitura e por livros, em boa parte à Biblioteca Pública Municipal Breno Accioly, então sob os cuidados e zelo da bibliotecária Nilza Nepomuceno Marques (1918-2010). Referida biblioteca foi Instalada no primeiro andar do sobrado colonial (ainda de pé), no centro histórico de Santana do Ipanema pelo prefeito Dr. Hélio Cabral de Vasconcelos, cujo mandato de 1956 a 1960 foi marcado por incentivo à cultura, ao livro e à leitura. De sua iniciativa, várias feiras de livro e semana do livro foram realizadas na cidade. Palestras de intelectuais alagoanos encerravam esses eventos culturais.
Confirma-se, hoje, o resultado positivo desse belo trabalho do prefeito Hélio Cabral, com o surgimento de meia centena de escritores santanenses com livros publicados, número que se soma ao legado literário deixado pelos escritores do passado, já falecidos, como Breno Accioly, Oscar Silva, Tadeu Rocha e José Marques de Melo, entre outros.
Positivamente, o despontar de tantos cronistas e escritores deveu-se, também, ao surgimento de editora de livros na cidade, empreendimento do jovem José Malta Fontes Neto, criador do portal maltanet.com.br, pujante jornal virtual da cidade, com noticiário de Alagoas, do Brasil e do mundo, acolhendo e publicando trabalhos literários de qualidade, produzidos por inúmeros escritores e intelectuais alagoanos.
Tanto Santana do Ipanema quanto Viçosa têm sua história voltada para a cultura, para a inteligência, para o teatro, para livros. Viçosa é de muito tempo conhecida como a Atenas de Alagoas, pelos seus ilustres escritores, folcloristas, intelectuais e políticos. Santana do Ipanema, agora está sendo chamada de Terra de Escritores.
Lembro-me, afinal, do vendedor de livros Manoel Acioli, aqui referido, que conheci a abastecer de livros colegas do Banco do Brasil em Maceió, todos eles estudantes universitários, que dispensavam especial atenção ao velho amigo e antigo proprietário da Livraria Acioli, em Viçosa.
Maceió, outubro de 2021.
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