CELEBRIDADES SANTANENSES

Djalma Carvalho

Costumo dizer em crônicas que visitar Santana do Ipanema em tempo de festa é, para mim, juntar o prazeroso ao agradável, porque lá é o meu chão nativo e, como assumido ufanista provinciano, continuo a exaltar as coisas boas do lugar. Embora integrante da diáspora santanense, assim classificado por José Marques de Melo o contingente literário que deixou a cidade, jamais esqueci a santa terrinha, sua gente, seus valores.
Em recente visita, três fatos novos mereceram o registro do cronista, além do espanto que tive ao encontrar a cidade repleta de novas casas comerciais, butiques a perder de vista e o grande número de veículos que deslizam, diariamente, por suas ruas asfaltadas. Na verdade, o progresso chegou ali para ficar, tornando a cidade em polo de desenvolvimento do sertão alagoano, em torno do qual gravita apreciável volume de negócios e recursos.
Fazia tempo que não via o Tênis Clube Santanense com tanta gente em noite de grande estilo, mais parecendo os grandes bailes de outrora, realizados durante a festa da padroeira. Recordo-me que ali, naquele piso de dança, gastei muita sola de sapato a partir de 1953, quando foi fundado o clube. Daí, então, a caminhada foi longa em passos de bolero, xote e baião. Ou de marchas e frevos nos animados bailes de carnaval, certamente banhado de suor e com o cheiro de lança-perfume no corpo.
A sociedade local, tradicionalmente elegante e vaidosa, lotou o clube no grande baile há pouco realizado, para assistir, curiosa, à entrega de títulos a inúmeras personalidades que se distinguiram, em diversos segmentos da sociedade santanense, durante o ano de 2010. Na festa também fui celebridade. Ressalte-se a feliz ideia do jovem empreendedor Edilson Barbosa, organizador do evento e alvo dos melhores aplausos dos que compareceram ao clube. Toda a cidade, portanto, faturou com a festa, a partir de hotéis, bares e restaurantes. Lembrei-me, na ocasião, dos grandes bailes da Festa das Personalidades ali realizados com sucesso, promovidos pelo capítulo local da Câmara Júnior Internacional, no final da década de 1960, por aí.
Aproveitei a visita para ir às dependências do Ginásio Santana, onde funciona a administração do Campus Sertão da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), recentemente inaugurado, que se junta ao complexo da universidade estadual de ensino superior que lá existe desde 1995. Trata-se de nova luz que se acende na história da educação da cidade. A aspereza do sertão sofrido com as secas e com a violência dos idos tempos do cangaço dilui-se com esta boa e auspiciosa realidade, tão do agrado da juventude estudiosa e daquela gente hospitaleira.
Cumpridos os compromissos por mim assumidos, lá encontrei, afinal, mais uma boa nova: o pleno funcionamento, desde novembro passado, do Hospital Regional Dr. Clodolfo Rodrigues de Melo, construído há alguns anos e que me parecia condenado a transformar-se em elefante branco. Em tão pouco tempo de atividade, o hospital já registrou dados estatísticos alvissareiros: mais de nove mil pacientes atendidos em diversas especialidades médicas, conforme dados publicados em nossa imprensa.
Com a festa das celebridades e com boas notícias, a visita valeu a pena.
Maceió, fevereiro de 2011.

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