AVE CÉSAR

Clerisvaldo B. Chagas

AVE CÉSAR
(Clerisvaldo B. Chagas, 18 de maio de 2011).

Maracanã é termo relativo a várias aves psitaciformes que habitam desde o Maranhão ao sul do Brasil. Entre essas aves que chamam atenção pelo verde intenso da sua plumagem, está a Propyrrhura maracanã, cuja beleza é muita apreciada e vive entre trinta e quarenta anos. Como outras aves brasileiras, vai mudando o nome conforme as regiões desse imenso país. O tipo de periquito é um dos mais atraentes também para contrabandistas que tentam levá-lo para Europa nas piores condições possíveis. Como o verde tem destaque especial em nossa bandeira, a Propyrrhura parece representar bem o Brasil, sendo ligada imediatamente a nossa flâmula. Assim, a designação do maior estádio do mundo, situado na área da ave apresentada, parece não causar nenhuma surpresa na importante justiça da homenagem.
A velha praça de esportes do Rio de Janeiro, desgastada pelo tempo, sempre representou o futebol mundial como símbolo físico maior. Levado àquele estádio na década de setenta, pelo primo santanense médico Stênio Chagas Duarte, irmão do também saudoso vereador Tácio Chagas Duarte, pudemos contemplar a grandeza que representa o Maracanã, tanto na parte física quanto na sua simbologia. Aquela noite onde milhares de pontos luminosos (cigarros) ornavam as arquibancadas, o empate em 2 X 2 entre Brasil e Alemanha, os urros da torcida brasileira, deixaram a impressão de um mundo surrealista na apreciação do colosso carioca. Só quem conhece de perto o poderoso estádio sabe quanto é forte o nome do pequeno papagaio maracanã.
Recentemente, após uma polêmica enorme em torno do seu nome, da sua velhice, da sua demência, houve até quem propusesse a sua demolição simples e radical. Outra ideia um pouco mais nobre propunha transformar o gigante em museu para funcionar como atração turística. Todas as saídas apresentadas sempre esbarravam na parte financeira para qualquer projeto que visasse alimentar o titã de concreto. Finalmente, para a nossa satisfação e orgulho nacional, é mostrada ao público a maqueta e escrito todos os detalhes de revigoramento do pai de todos os estádios do planeta. É impressionante como o velhinho está no forno para sair novinho, novinho que só cédulas de cem. Será novamente, comadre, o mais moderno do mundo e com capacidade para oitenta mil torcedores. Estou com tudo aqui, virtualmente diante de mim. Bonito que só uma noiva na igreja! Impressionam também os detalhes da obra orçada em menos de um bilhão e que por certo contam pontos importantes para a engenharia brasileira.
Agora a velha ave maracana vai poder fazer zoada à vontade. Uma verdadeira ressurreição em vida. Quando a ciência fará assim também conosco, os idosos do país? AVE CÉSAR.

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