IMIGRAÇÃO DAS GARÇAS
Antonio Machado
Imigração implica em mudanças de comportamento e atitudes em todos os seres, à procura de ambientes melhores, que proporcione uma vida mais digna, faz parte dos viventes da face da terra, quem primeiro registrou isto foi o homem na prática do nomadismo, talvez quem sabe vendo isto nos animais, que na coleta de alimentos, peregrinava mundo afora na busca da sobrevivência. A Bíblia sentencia no livro do Gênesis que, no feitio do mundo, Deus fez as aves no quarto dia da criação, e as colocou nos espaços siderais para que elas os dominassem com seu garbo e sua beleza na procriação das espécies das mais variadas e naipes em suas múltiplas matizes. As garças com sua leveza estavam nesse contexto da criação, são, pois, as garças pantaneiras essencialmente migratórias.
Os ornitólogos e estudiosos elencam cinco tipos dessas aves no Brasil, pertencentes a família das Ardêidas, a saber: garça azul, garça branca, garça da cabeça preta, garça morena e garça real vivem e voam em bandos povoando os céus do nordeste, que nunca foi celeiro dessas aves, visto elas se adaptarem mais as regiões de clima frio onde se reproduzem. Suas carnes são imprestáveis ao consumo humano. Porém nos anos setenta essas aves começaram a chegar ao Nordeste, sendo uma espécie de tamanho pequeno, causando surpresa aos estudiosos que viram nessa migração um sinal diferente nos campos, onde essas garças começaram a povoar, e encontraram no meio do gado um ambiente favorável a sua sobrevivência, de inicio, é interessante se notar que, os animais cismavam a cor branca, no sertão o gado já estava acostumado com a convivência de um outro tipo de ave, o anum preto, que já era o faxineiro do gado no campo, na cata de carrapatos e outros insetos que povoam o coro dos animais que pastam nos cercados, foi quando a graça campeira passou a fazer companhia os animais e estes vieram posteriormente e gostaram dessas aves, haja vista sua docilidade com os animais e não seres ofensivos, hoje as garças migratória fazem parte da vida do gado no campo. Grandes bandos povoam os cercados parecendo flocos de algodão que se movimentam. A que se deve essa migração?(assunto para outro artigo). Raramente se ver outro tipo de garça, sendo algumas maiores, porém são poucas e mais ciosas, são todas obsecadas por água. É um espetáculo a parte, á tardezinha verdadeiras nuvens dessas aves, mormente quando o sol vai caindo no poente, naquele momento lusco fusco, os céus sertanejos parecem tomar uma dimensão mais bonita com as garças em bandos, em busca dos açudes que se apinham nas árvores próximas a água formando altares de candelabros brancos numa beleza que prende a atenção dos transeuntes. Essa apoteose, inspirou o poeta Colly Flores escrever o soneto: a garça solitária: “ a garça solitária no lago/ porque não podia voar mais,/ ninguém lhe faz um afago,/ dona dos espaços siderais./ a velhice dominou seu estro,/ outrora rijo e forte,/do espaço era um astro,/ esquecida, espera a morte./ Vivendo entre sapais e lama,/ as outras, embora se foram/ hoje ninguém mais lhe quer, nem ama./ Numa vida só e precária,triste num lago esquecida,/vive a bela garça solitária”. Essas aves estranhas parecem ter se adaptado bem no Nordeste, mormente no sertão que está povoado delas, porém não produzem põem alguns ovos, mas não chocam, dando entender que sua reprodução é feita em suas terras de origens, ninguém as perseguem, porém já está surgindo um predador de/ garças, o Carcará das famílias dos Falcônicas, dada sua agressividade, é conhecida como a águia do sertão, que aos poucos, vem dizimando as belas garças que enfeitam a paisagem desigual da região sertaneja.
Comentários