DICIONÁRIO, UM LIVRO POR EXCELÊNCIA
Antonio Machado
A arte de escrever nasceu com o próprio homem, prova disto estão nas cavernas onde viveram os trogloditas nos períodos que a historia registrou o paleolítico e neolítico. Os desenhos rupestres nas pedras identificam a história dos humanos em seu linear, sua convivência, seus conhecimentos e suas emoções. E nesse afã de descobrir e se criar, o homem primitivo foi passo a passo, buscando novas conquistas, no aprimoramento de seu habitat, à medida que sua inteligência foi sendo usada, haja vista ser o homem, o único ser da face da terra com o privilégio da inteligência e consciência que existe, como dádiva do Autor da criação. Artur da Távola escreveu: “quanto mais se sabe, mais se aprende”, e o homem é esse ser sempre na busca de novas conquistas.
Quando os árabes criaram o alfabeto centrado nas consoantes, abalaram o mundo antigo, e posteriormente, os fenícios com sua arte criaram as vogais, estava, pois, montando o Alfabeto que se os anos não aperfeiçoaram, mas não modificaram o tão sublime invento que se propagou pelo mundo inteiro e ainda hoje continua incólume ao longo da história.
Atualmente esse Alfabeto possui 25 letras, com as quais somos capazes de escrever qualquer palavra em qualquer idioma ou dialeto do mundo, como o maior passo dentro da comunicação entre os povos, se os outros meios de comunicação surgiram, porém foram idealizados nas palavras, como tão bem escreveu Graciliano Ramos: “a palavra não foi feita para enfeitar, brilhar como ouro falso, a palavra foi feita para dizer”. E na esteira dos anos os eruditos foram se fazendo e se sucedendo na história, e à medida que eles iam escrevendo seus textos literários, ia nascendo a necessidade de um instrumento que viesse corroborar com o leitor menos esclarecido para melhor compreensão dos textos foi quando o estudioso Jerônimo Cardoso escreveu o Dicionário Latino Lusitânico em 1562 porque ai nessa época o alemão Guthemberg já havia inventado a máquina de escrever no século XV, essa edição foi seqüenciado em sete edições, facilitando assim, aos onagros melhores conhecimentos, enquanto no Brasil o primeiro Dicionário lançado foi compilado pelo polígrafo Antônio de Morais Silva por volta de 1789, chamado de Dicionário da Língua Portuguesa, como protótipo de obras de valor dicionaristico que se sucederam, visto ser o dicionário livro indispensável tanto para quem ler quanto para quem escreve, visando um melhor conhecimento e aprofundamento nos textos literários. Nesse campo tão abrangente, figura o Dicionário organizado por Francisco Caldas Aulete, (1755-1824), que até hoje se constitui uma referência nacional, em 1871 Frei Domingos Vieira escreveu um Dicionário, que é hoje uma raridade bibliográfica, com poucos exemplares, e nunca foi reeditado com a mesma ortografia original, com palavras “demodê”, isto é, em desuso, dizem os estudiosos que as palavras nascem tem sua vida, e depois morrem, caindo no ostracismo, como os ditados populares, e até certos aforismos. Registra-se que, em 1964, curiosamente, Magalhães Júnior, escreveu um Dicionário intitulado Coloquialismo Anglo-Americanos, Provérbios, Idiotismos e frases feitas, que não teve muita repercussão. No contexto de Dicionários surge a figura do polígrafo Laudelino Freire (1873-1937), que organizou o Grande Novíssimo Dicionário da Língua Portuguesa.
Ora, se a língua portuguesa surgiu a partir do século XII, muito tem sido aqueles que, dentro de seu conhecimento vasto escreveu e pesquisou essa língua inculta e bela como cantou Camões, ao longo de toda história, os Dicionários são os recipiendários dessa língua, desse idioma tão bonito.
Existem no Brasil muitos dicionários, enfocando os mais variados assuntos, como uma amostragem citamos: Dicionáriorinho do palavrão e correlatos, em Português/Inglês, escrito por Glauco Mattoso, Dicionário do Folclore Brasileiro, de Luiz Câmara Cascudo, Dicionário da corte de Paulo Francis, escrito por Daniel Piza, Dicionário Amoroso da América Latina, escrito por Mario Vargas Losa, e pasmem, até o Dicionário Lula, escrito por Ali Kamel. Mas prezados leitores, nosso trabalho ficaria incompleto, se não mencionássemos a figura do maior lexicógrafo destes pai, o alagoano Aurélio Buarque de Holanda Ferreira,(1910-1989), que orgulha a todos nós que fazemos das letras nossa opção maior, e devemos a esse gênio da Literatura universal, o melhor Dicionário que se tem conhecimento e que orgulhosamente leva seu nome, e até cognominado de “Aurelião” com um número incontável de verbete, sinônimos e congêneres da Língua Portuguesa, constituindo-se o Dicionário mais vendido e usado em todo Brasil, elaborado por um amante das letras.
Perguntei ao poeta Colly Flores, formado na Universidade do tempo, que é um Dicionário? E ele respondeu: “os lexicógrafos dedicam-se a escrever Dicionários, que dada sua erudição, levam os leitores, obrigatoriamente, consultarem suas obras”, mesmo sendo um conceito sem a erudição dos sábios e letrados, possui também, um bom conteúdo a ser estudado, mas finalmente, fecho meu trabalho literário, com o que escreveu o poeta Pablo Neruda, na sua Ode ao Dicionário: “Dicionário, não és tumba, sepulcro, féretro, túmulo, mausoléu, e sim preservação, fogo escondido, plantação de rubis, perpetuidade vivente da essência, celeiro do idioma”.
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