Chegamos em meados da semana santa, hoje em seu quarto dia, se inicia a véspera do tríduo pascal em preparação para a páscoa do Senhor, hoje também é conhecido pelos mais velhos como quarta feira maior, por ser o último dia que antecede a ceia do Senhor, que lembra o maior e mais doloroso de todos os encontros da humanidade, o de Jesus com sua mãe Maria.
Mas se entre a prisão e a morte de Jesus foram algumas horas, porque esse encontro é relembrado na quarta feira? Ao longo dos anos a igreja foi passando por diversas transformações, e a semana santa passou por uma delas, não se sabe ao certo a quantos anos ela surgiu, em cada cidade do mundo ela foi se expandindo em anos diferentes, o sentido desta procissão é trazer a reflexão daquele momento dos últimos contatos de Maria com seu filho.
Em meio a multidão lá estava sua mãe, triste, angustiada, com seu coração transpassado pela última espada de dor da sua vida, corre ao encontro do seu filho, flagelado, chicoteado, com o rosto coberto de sangue das feridas abertas pela coroa de espinhos, tendo um último carinho, um último afago de sua mãe em meio a tanta dor, assim ao realizar a procissão do encontro, devemos enxergar as duas imagens, como se tivéssemos vivendo aquele momento, é difícil naquele momento em que as imagens se encontram em frente a igreja, olharmos para as imagens e não nos emocionarmos com a reflexão do padre, sobre o caminho do calvário ou sobre as sete dores de Maria.
Porque as procissões não saem do mesmo lugar? Após a prisão de Jesus, nenhum dos seus puderam se aproximar ou ter qualquer contato que fosse com ele, e o encontro foi em meio a horas de angústias e sem notícias do que se passava com Jesus, e aquele encontro que aconteceu durante o calvário foi um encontro que não foi planejado, então a intenção de cada uma sair de um lugar diferente é que o momento do encontro cause o mesmo impacto e a mesma comoção de mais ou menos 2 mil anos atrás.
Em uma das procissões as mulheres conduzem a imagem de nossa Senhora da Solidade, na frente da procissão o acólito (o coroinha) conduz a cruz pocessional, na outra procissão os homens conduzem a imagem de bom Jesus dos Passos, e na frente da procissão dois acólitos (coroinhas) conduzem as velas, ou tochas, para cada uma delas orações específicas, das mulheres dirigidas a nossa senhora, e dos homens a Nosso Senhor Jesus Cristo, também cânticos próprios da semana santa, meditando através da música os últimos passos de Jesus.
É um dia de abstinência, o jejum também é bem vindo, mas não é obrigatório como na sexta feira da paixão, a partir do de hoje a abstinência de carne deve ser total, das zero horas de quarta até o fim da vigília pascal, outras abstinências também devem ser feitas, de palavras, de pensamentos, de atitudes, de tudo aquilo que possa te levar ao pecado, assim recomendam nossos sacerdotes, portanto a quarta feira maior encerra o período quaresmal, dando início a partir da zero hora de quinta início aos dias maiores, o tríduo pascal, como o próprio nome já diz preparando para a páscoa do Senhor.
LITURGIA DO DIA:
I leitura: Is 49,1-6
Salmo: 70/71
Evangelho: Jo 13,21-33.36-38
COR E OBJETOS:
Cor do dia: Roxo (o roxo é usado durante todo o período da quaresma e também durante o período do tempo do Advento, que significa jejum, penitência e serenidade, no Advento o roxo tem um significado de espera pela vinda do Salvador, e em alguns lugares durante o tempo do Advento o roxo tem dado lugar ao lilás, por ser um misto de penitência, alegria e espera)
Objetos usados na celebração: As imagens de Nossa Senhora da Solidade ou Nossa Senhora das Dores, a imagem de Bom Jesus dos Passos, a cruz pocessional conduzida pelas mulheres e as tochas ou velas conduzidas pelos homens.
Ailson Leitte - Músico, Multi-instrumentista, intérprete, regente, produtor musical e colunista.
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